Texto Pivô: António Nogueira esteve na guerra colonial de Moçambique durante 4 anos. Sempre optou por fugir aos confrontos. Hoje tem uma quinta que o faz adquiri a liberdade que antes lhe foi retirada.
Off 1: É aqui que António Nogueira apaga as memórias do passado. Foram 4 anos de muitos tormentos até conseguir fugir.
Vivo 1: Havia assim umas desordens, assim uns ataques mais violentos que eles pegavam na cabeça do preto, espetavam à frente da “merlié” e era contra o meu feitio.
Um colega meu quando íamos de “unimogue”, ele puxou de uma arma e matou um macaco pequenininho e ele chorava como um bébé. Esse ficou lá, morreu também como um bébé.
A única coisa que eu fazia era quando havia um tiroteio, pegava na minha arma e num cobertor e escondia-me debaixo do abrigo.
Off 2: O ano de 1970 marcou para sempre a vida deste senhor. Agora é a vida no campo que lhe trás a liberdade que nunca teve.
Vivo 2: Depois da guerra vim para aqui entreter-me.
Cultivo tomates, pimentos e diversos…morangos, framboesas por aí abaixo, repolho, feijãp, ervilhas de quebrar, ervilhas das outras…
Vivo jornalista: E é assim a vida após a guerra colonial. Há que agarrar novas oportunidades e agarrar novos desafios. Ficamos hoje por aqui a conhecer o resto da quinta. Com imagem de Rita Silva, Universidade Lusófona do Porto.