Texto-pivô: À medida que começaram a surgir dúvidas sobre os motivos que poderiam levar a um atentado, os deputados concentraram-se nas provas que conduzissem à confirmação de um ato premeditado.
Vivo 1: As teorias que começaram a surgir acerca dos motivos para um eventual atentado motivaram alguns deputados das Comissões Parlamentares a explorar as peritagens feitas pela Polícia Judiciária e pela Direção Geral da Aviação Civil nos terrenos do aeroporto.
Voz Off 1: Os destroços deixados para trás pelo avião estavam dispostos numa linha direita, mas para a Direção Geral da Aviação Civil, hoje Autoridade Nacional da Aviação Civil, era uma situação casual. Ribeiro e Castro não estava convencido.
Entrevistado 1: A Direção Geral da Aviação Civil dizia ‘não, não, não, não tinha sido nada do avião… isso tinham sido materiais projetados pelo avião quando ardeu no local, portanto, como se fosse uma lareira, uma fogueira… ia lançando pelo ar e depois eram depositados pelo vento’. Ora, não havia vento, nessa noite. O vento eram 3 ou 4 nós. E não há vento que deponha as coisas numa linha direita.
Voz-off 2: Mas esse não era o único problema encontrado pelos deputados. A coordenação entre a ANAC e a PJ intrigou o relator da IX Comissão Parlamentar de Inquérito a Camarate que foi apanhado de surpresa com aquilo que encontrou.
Entrevistado 2: E por espantoso que pareça, mas isso é uma constante… as duas equipas não falavam. A comunicação era péssima…
Vivo 2: As deficiências encontradas na investigação aos rastos deixados pelo avião motivaram os deputados a intensificar as perguntas colocadas nas audições, até que um membro da DGAC faz uma confissão determinante para todo o processo.
Entrevistado 3: Alguém da comissão técnica diz ‘não, não, não, mas nós fizemos um croqui… nós fizemos um mapa do que achamos’. ‘Ah fizeram?’. ‘Fizemos!’. ‘Então mandem lá o croqui… porque não está no processo’
Voz-off 3: E lá mandaram o croqui. Afinal, a DGAC verbalizava uma teoria sobre o rasto dos destroços, mas também tinha mapeado a disposição desses mesmos destroços. Mas só o mostram depois.
Entrevistado 4: Bom, e o que eles mostram é o contrário do que dizem. Esse desenho mostra, efetivamente, um corredor e que às tantas tem um cotovelo, que está tracejado. Portanto, mostra um rasto e que às tantas tem um cotovelo. E o que é que é esse cotovelo!? Esse cotovelo é a vertical de um traçado da energia elétrica que servia esse bairro e que estava junto à estrada e em que o avião, no momento final do embate… e isso está descrito… bateu com a sua asa esquerda e guinou.
Voz-off 4: Da mesma forma que guinou o caminho que seguia a investigação dos deputados na Comissão Parlamentar. A revelação do desenho onde a DGAC registou o rasto dos destroços não deixou margem para dúvidas.
Entrevistado 5: Portanto, isto é a prova de que esses materiais encontrados assim procederam tanto de dentro do avião em voo, que até apanhavam o desvio que o avião tinha feito.