PIVÔ: "Dona Alina" é um nome conhecido pela maioria dos estudantes da Universidade Lusófona do Porto. São poucos os que nunca foram ao seu café.
OFF 1: Desde que estuda na Universidade Lusófona do Porto, Bárbara Batista frequenta o mesmo café.
ENTREVISTADO 1: Há 4 anos que estou nesta universidade. Por isso há quatro anos, mais ou menos. Porque é mesmo à frente da universidade, tem esplanada, dá para fumar cá fora. Por isso... é pertinho, é um saltinho.
OFF 2: O sítio é bom para consumir mas a conversa não fica à porta.
ENTREVISTADO 2: É, é. Se viermos com amigos é um bom sítio para conviver. Porque não?
OFF 3: Inês Magalhães é outra estudante que já se habituou à proprietária.
ENTREVISTADO 3: Eu venho à Alina porque é ao lado da faculdade, porque ela dá-me a possibilidade de poder vir para aqui, para o muro, sentar-me, apanhar sol e não estar dentro do estabelecimento a consumir. Porque ela é muito simpática... Compro cigarros, peço um carioca de limão e uma água fresca.
OFF 4: O estabelecimento tem 24 anos. Foi aberto em fevereiro de 1992. Desde então, muita coisa está diferente.
ENTREVISTADO 4: Era a Universidade Moderna, não tinha bar lá dentro e eu trabalhava aqui muito melhor do que trabalho agora.
OFF 5: Os anos passaram e os clientes foram diminuindo. Quem se ressente são os lucros e Alina não nega que deixou de vender alguns artigos.
ENTREVISTADO 5: Sandes, na altura, bolos... Fazia um bolo, ponha-o aqui em cima do balcão e vendia rápido... Vinham aqui os professores, que aqui não tinha bar na universidade.
OFF 6: O sotaque não engana. Alina gere o café com o marido, mas antes viajaram de volta do Brasil.
ENTREVISTADO 6: Eu vim, e nós viemos mais também por causa dos assaltos lá. Violência. Mais por causa da violência no Rio de Janeiro.
OFF 7: Hoje, há clientes para todos os gostos mas é a chegada dos alunos que vale a pena.
ENTREVISTADO 7: Se não forem os alunos, fecho a porta. Atualmente...
OFF 8: A rotina é a mesma de sempre. E, para cumprir o ritual, Dona Alina começa o dia bem cedo.
ENTREVISTADO 8: Ai, isso normalmente, sete, sete e quinze, sete e vinte, estou aqui. Todos os dias.
OFF 9: 24 anos depois, Alina confessa estar na hora de largar o ofício.
ENTREVISTADO 9: Neste momento, se tivesse quem tomasse conta disto e que eu pudesse passar, ia mas é descansar.
OFF 10: A reforma demora a chegar. Até lá, Dona Alina continuará a caminhar para abrir a casa.
Nádia Santos & Ricardo Marques