PIVÔ: Os engraxadores de sapatos são uma das profissões de rua mais antigas. A Avenida dos Aliados acolhe estes trabalhadores há décadas.
VOZ OFF: Palco de grandes celebrações, a Avenida dos Aliados acolhe, também, uma das profissões de rua mais reconhecidas. De escova numa das mãos e graxa na outra, os engraxadores dão brilho às ruas e pés da avenida.
ENTREVISTADO 1: Sou limpador de calçado há 42 anos, vou fazer 60 anos. Tenho aqui na Praça da Liberdade 19 anos. Comecei com o meu pai.
ENTREVISTADO 2: Isto já vem de família. O meu falecido pai era sapateiro, o meu tio era engraxador. Já vem de família isto.
VOZ OFF: Velhos ou novos, ainda há quem queira ver os pés a cintilar.
ENTREVISTADO 3: É uma questão de hábito. É um hábito antigo e também quando preciso de engraxar, dou trabalho aqui à parte dos engraxadores.
ENTREVISTADO 4: Nós não engraxamos em casa assim de uma forma tão profissional. Todo o serviço que é feito com amor, nós temos mais, gostamos mais.
JORNALISTA: Então prefere vir aqui do que ir a uma sapataria, por exemplo?
ENTREVISTADO 4: Sim, com certeza. É um serviço único, não é? E como está a ver, ele tem a ciência de ir a todos os promenores e de cuidar do sapato como deve ser.
VOZ OFF: Como nem só de amor vive um ofício, os engraxadores sentem que a profissão está a perder o encanto.
ENTREVISTADO 2: Antigamente havia mais engraxadores do que há agora. Isto que um dia acabe, esta mocidade nova não quer pegar nisto.
ENTREVISTADO 5: Era melhor para mim, ganhava escudos. Agora o euro não vale nada.
VOZ OFF: Apesar das pisadelas, a profissão resiste. A graxa continua nos sapatos.